Para a maioria dos portugueses, os seguros são um mal necessário. Estou convencido de que se os seguros não fossem obrigatórios por lei, a maior parte não os subscreveria.
É muito português confiar na sorte, acreditar que tudo vai correr bem ou que “depois logo se vê”. Como são vistos apenas como uma despesa, tenho quase a certeza de que rapidamente se tornariam apenas uma opção para os mais “prudentes”.
Para que servem os seguros?
A dificuldade em compreender a importância dos seguros está em só vermos a utilidade deles em situações muito específicas. E pode até acontecer nunca precisarmos deles. Seja com o seguro automóvel, o seguro de vida, o seguro de viagem ou mesmo o seguro de responsabilidade civil.
Por isso, muitos consideram que os seguros são “dinheiro deitado à rua”. Perante este cenário, felizmente os seguros são obrigatórios, digo eu. Caso contrário, assistiríamos a verdadeiras tragédias sociais.
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Porque é que existe tanta aversão aos seguros e às seguradoras?
Ao longo do tempo, já percebi que há uma relação de amor/ódio em relação aos seguros e às seguradoras. Quando acontece um imprevisto e temos de acionar o seguro, a seguradora é logo apelidada de má pagadora. Muitos portugueses sentem-se frequentemente enganados, se as coisas não correm como se espera.
Infelizmente, chego à conclusão de que muitas vezes o problema está na falta de literacia dos portugueses em relação aos contratos que assinam. Não apenas com as seguradoras, mas também com os bancos, empresas de telecomunicações, etc.
A sociedade como a conhecemos não poderia funcionar sem os seguros. Para que serve o seguro automóvel? Imagine que numa terrível infelicidade tinha um acidente de carro e causava danos no valor de dezenas ou centenas de milhares de euros. Já imaginou o drama em que se transformava a sua vida e da sua família?
Para que serve o seguro de vida? O que aconteceria se nenhum crédito à habitação tivesse um seguro de vida e de incapacidade associado? Morrendo ou ficando incapacitado, o cliente colocava sobre os ombros da família a responsabilidade de ter de continuar a pagar a casa.
Normalmente, pensamos que as tragédias só acontecem aos outros, até que uma nos bate à porta. É aí que os seguros entram. São uma rede que podemos contratar para nos proteger dos imprevistos.
Esses imprevistos não são só acidentes. Pode precisar de vários tipos de seguros numa situação de desemprego, numa operação urgente, ou despesas grandes com o seu animal de estimação.
Ao ler esta crónica, não pense que estou a defender as seguradoras de todas as críticas. Claro que há situações em que as coisas não correm bem. Nesses casos, deve recorrer às autoridades de supervisão e até aos tribunais, se necessário. O que lhe quero dizer é que temos de começar a ter uma visão equilibrada dos seguros.
Como deve contratar um seguro?
Os seguros são necessários e são uma forma de nos protegermos contra o imprevisto e a adversidade. Se eu sofrer um incêndio em minha casa, estou a pagar a possibilidade de a reconstruir. Sem seguros, qualquer perda seria sempre total e irreversível.
Qual é então o segredo? É sabermos, enquanto consumidores, exatamente o que queremos e quanto estamos dispostos a pagar pelas coberturas que contratamos.
Infelizmente, muitos de nós assinamos tudo de cruz. Não lemos as condições da apólice, não conhecemos nem negociamos as exclusões. E quando precisamos de acionar o seguro, achamos muito estranho e injusto que a seguradora diga que aquela situação não está coberta.
Na maior parte dos casos, pela minha experiência, a seguradora tem razão. E digo isto com pena, porque defendo sempre os interesses dos consumidores.
Temos de ser nós, consumidores, a defender os nossos interesses e a saber o que queremos. Quando a situação surgir, tudo acontece então como está planeado acontecer:
- A apólice diz quais são as coberturas e as exclusões;
- O segurado concorda e paga o prémio correspondente.
E, se acontecer uma das coisas previstas na apólice:
- O cliente aciona o seguro;
- A seguradora confirma que a cobertura está abrangida;
- A seguradora paga a respectiva indemnização ou serviço de transporte ou reparação.
Esta é a situação ideal.
Muitas vezes o consumidor faz, por exemplo, um seguro automóvel, e supõe que tem todas as coberturas possíveis e imaginárias. Quando tem uma avaria ou acidente, o cliente descobre que afinal não tem direito a um carro de substituição, por exemplo. Isto acontece todos os dias.
Dicas para aproveitar o melhor dos seus seguros
Portanto, se me permite uns conselhos baseados em mais de 10 anos de experiência a lidar com direitos do consumidor:
- Nós, enquanto clientes de seguros, temos de ser os primeiros a saber o que queremos. Os seguros são tremendamente úteis quando bem contratados e a preços justos e com um bom custo benefício;
- Ao falar com um mediador de seguros ou diretamente com uma seguradora faça todas as perguntas que entender. Não pense que está tudo coberto, porque não está;
- Pode valer a pena pagar mais 10 ou 15 euros para ter mais uma cobertura, um valor de indemnização maior ou menores franquias.
Imagine as várias (piores) situações que podem acontecer no seu caso pessoal e transporte isso para a apólice.
Por exemplo: eu faço várias viagens de carro até ao centro do país para visitar a minha mãe e a minha sogra. Algumas das perguntas que tenho de fazer ao meu mediador antes de contratar um seguro são:
- Se o carro avariar no sítio onde estou (a mais de 300km de minha casa), o que acontece? Trazem-me para casa? O carro vem comigo?
- Se o vidro do pára-brisas partir na autoestrada a meio do caminho o que acontece? Pagam a totalidade da substituição ou tem algum limite?
- E como me desloco durante os dias em que o meu carro estiver parado em caso de avaria ou acidente? Tenho um carro de substituição? Durante quanto tempo?
- Se tiver um seguro de danos próprios e arranhar o para-choques, pagam tudo ou só pagam a partir de um determinado valor?
São apenas alguns exemplos de perguntas que deve fazer. Não há perguntas ridículas nem demasiado óbvias.
Faça de conta que está num restaurante e tem na ementa um prato que desconhece. Encomenda sem perguntar o que é? Que ingredientes leva? Os acompanhamentos estão incluídos no preço?
Encare os seguros da mesma maneira, até porque são um assunto de muito maior responsabilidade do que apenas pagar uma refeição. Há situações em que estão milhares de euros envolvidos, embora no momento em que contrata o seguro não se aperceba disso.
E se…? E se… E se…? É o truque para não ser apanhado de surpresa quando as situações acontecem.
- Não tem de perceber o palavreado técnico dos mediadores e das seguradoras. Peça para lhe traduzirem tudo de forma a que compreenda o que está a contratar;
- Leia os documentos que lhe entregam. Eu sei que pode parecer um pesadelo, mas é a única forma de se proteger;
- E se não percebe o que uma coisa quer dizer, não descanse enquanto não lhe explicarem. Não é vergonha nenhuma não saber “segurês”. Não é suposto ser a nossa área.
Antes de as coisas acontecerem deve fazer as perguntas e até alterar a sua apólice se quiser melhorar, trocar ou retirar alguma cobertura. Não é depois das coisas acontecerem. Aí já é tarde demais.