Esta é talvez uma das maiores desilusões que o consumidor tem quando aciona um seguro. E devo dizer que, à partida, é muito difícil culpar a seguradora. Tenho a certeza de que as franquias e exclusões estavam todas no documento que assinou quando contratou o seguro. O problema é que não as lemos.
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Enquanto consumidores somos responsáveis pelas nossas escolhas. As seguradoras não nos obrigam a fazer contratos. Normalmente somos nós que as abordamos ou, no mínimo, aceitamos as suas sugestões.
Como já expliquei numa crónica anterior, quando fazemos um seguro a nossa expectativa é que o nosso prejuízo ou despesa seja compensado. Quando o acionamos, esperamos que seja compensado na totalidade ou na proporção contratada.
O problema é quando precisamos do seguro e no final não recebemos nada do que esperávamos ou muito menos. E a expressão mais usada pelos consumidores é que se sentem “roubados”. Pela minha experiência, na maior parte dos casos o consumidor, infelizmente, não tem razão.
Deixe-me dar-lhe um exemplo que não tem a ver com seguros. Isto vai ajudar a compreender porque deve estar atento a tudo o que assina. Imagine que aluga um carro para as férias a um preço muito barato e fica satisfeito com o negócio.
Só custa 20 euros por dia. Aluga-o por uma semana e passeia por todo o lado. Quando devolve o carro, aparece-lhe uma conta adicional para pagar de 200 ou 300 euros. E você sente-se enganado e revoltado.
Depois vai (re)ler o contrato de aluguer e percebe que afinal havia um máximo de 100 quilómetros por dia. Além disso, você ultrapassou largamente essa condição. Provavelmente até lhe disseram, mas por vezes só ouvimos o que queremos ouvir. E estava tudo no contrato que lhe deram a ler antes de assinar.
Por exemplo, numas férias recentes, aluguei um carro. Estava lá escrito que se fizesse um risquinho que fosse teria de pagar a despesa do “risquinho”. Além disso, também teria de pagar a inutilização do carro durante os dias da reparação. Isto para compensar a empresa pelo prejuízo de ter um carro parado.
Já imaginaram a despesa que seria? Podia chegar aos milhares de euros.
Com os seguros acontece o mesmo. O preço é importante para tomar as suas decisões. Mas só depois de garantir que as franquias e exclusões na apólice são aceitáveis para si e que concorda com elas.
O que é a franquia de um seguro
Um seguro do carro (ou qualquer outro) pode ter vários tipos de franquias. Ou seja, a seguradora aceita pagar a indemnização mas só depois de você pagar a sua parte da despesa que está em contrato. Este valor corresponde à parte do risco que fica por parte do tomador do seguro.
Por exemplo, se tem seguro de danos próprios e bater com o carro, a despesa do arranjo até pode ser de 1.020 euros. Isto se tiver uma franquia de 1.000 euros. Mas quem vai ter de pagar os 1.000 euros é você e a seguradora só pagará os 20 euros restantes.
É justo ou injusto? A resposta é: é o que está no contrato que assinou.
Como funcionam as franquias do seguro, para que servem e como saber a franquia do meu seguro?
A questão das franquias coloca-se muitas vezes na cobertura de quebra de vidros no seguro automóvel. Se se perguntar o que é a franquia de seguro de automóvel e como funciona, continue a ler para descobrir.
Por vezes, por mais 10 ou 15 euros por ano evita ou baixa muito essa franquia. Avalie este pormenor sempre que fizer um seguro, seja ele qual for. Pergunte sempre se tem alguma franquia e qual é. Pode negociá-la.
No caso do meu seguro de saúde – oferecido pela entidade patronal -, tenho uma franquia de um valor relativamente elevado (na minha opinião).
Já sei que a primeira consulta do ano tem de ser paga por mim quase na totalidade. É a forma que a seguradora encontrou de evitar que os clientes marquem consultas sem real necessidade urgente. Mas como já sei, não me sinto enganado e estou preparado. São as regras.
As exclusões
Outro “problema” são as exclusões. Continuando no exemplo do seguro automóvel, há muitas exclusões que as pessoas desconhecem. Podem surpreendê-lo na altura de acionar o seguro.
Suponha que tem um seguro de danos próprios e que até não tem franquias – ou tem franquias razoáveis. E tem um acidente com o carro. A sua expectativa é que o seguro pague a reparação do veículo.
O acidente foi depois do jantar e bebeu um miligrama de álcool a mais, apesar de você se sentir em condições de conduzir. A polícia apareceu no local e registou a infração.
Uma das exclusões da apólice do seu seguro é que não pode conduzir alcoolizado. Logo, o seguro não paga um cêntimo da sua despesa. É injusto? Não. Está nas exclusões.
Esta questão coloca-se muito também nos seguros de vida e de saúde em relação a doenças pré-existentes.
O negócio dos seguros é prever riscos. O risco de você ter uma consequência grave em resultado de uma situação que já está presente e é conhecida. As seguradoras tendem a agravar o prémio para cobrir esse risco, ou a excluí-la para manter o preço.
Mas aí é você que decide em consciência. Não deve sentir-se enganado ou desiludido se o seguro não cobrir essa situação.
Perante a exclusão de uma situação que para si é importante, pode e deve negociar retirar essa exclusão. Deve aceitar pagar mais de prémio ou procurar outra seguradora que aceite um risco maior. Mas nunca assine apólices de seguro sem ler tudo e sem saber exatamente o que está a assinar.
Os co-pagamentos e quando devo pagar a franquia do meu seguro
Há ainda outra situação que são os co-pagamentos. Alguns seguros funcionam com este tipo de comparticipação. Você vai, por exemplo, a uma consulta e uma parte é paga por si e a outra parte é paga pela seguradora. A vantagem é que não paga na totalidade da consulta, exame ou tratamento.
Pode ainda funcionar com um sistema de reembolso. Ou seja, quando usa um seguro, paga tudo na totalidade. Depois envia a despesa para a seguradora e depois eles devolvem a percentagem contratada.
Aproveito para o alertar que conheço casos de pessoas que têm um seguro de saúde, com sistema de reembolso, que pagam tudo. E depois esquecem-se de enviar a despesa para a seguradora por esquecimento ou por preguiça. Um disparate financeiro absoluto.
Em resumo, as franquias e as exclusões são uma parte absolutamente normal nos contratos de seguro. Os valores e as condições variam muito de seguradora para seguradora e mesmo dentro da mesma seguradora.
É você enquanto consumidor que tem de saber o que está a contratar. Hoje em dia não há desculpa para não saber. As letras já nem são miudinhas porque têm de ter um determinado tamanho que já é bem legível.
Lembre-se sempre de que pode a qualquer momento alterar/renegociar a sua apólice. Ou procure na concorrência outra que sirva melhor os seus interesses.
As seguradoras querem fazer negócio, mas também querem clientes satisfeitos. O conflito não interessa a ninguém. Um cliente que sabe o que assinou e com o que pode e deve contar será sempre um cliente satisfeito. Basta fazermos a nossa parte enquanto consumidores conscientes e responsáveis.
Quer poupar nos seguros? Saiba como neste outro artigo que preparei para si. Aqui